Nos últimos anos, o conteúdo de humor ganhou enorme popularidade na internet. Impulsionado pela rápida ascensão do TikTok, esse movimento assumiu também as rédeas da comunicação de marcas em praticamente todos os segmentos. Até mesmo players conhecidos por adotar um tom mais sério e minimalista renderam-se ao estilo cômico, reconhecendo o alto nível de engajamento que ele proporciona.
Mas por que o humor se tornou tão relevante para as estratégias de branding?
Para entender melhor o crescimento desse posicionamento, vamos analisar uma pesquisa realizada nos Estados Unidos em um cenário pós-pandemia. Veja o gráfico:
O humor ocupa o topo das preferências dos consumidores quando se trata de mensagens de marca. Em comparação com 2023, o interesse por este tipo de conteúdo aumentou, enquanto o tema “Segurança” (associado a mensagens de apoio e suporte, muito relevantes durante a pandemia) vem perdendo espaço.
Essa análise ajuda a compreender o motivo pelo qual tantas marcas estão investindo nesse formato em sua comunicação com o seu público-alvo.
É mesmo necessário ser engraçado na internet?
Adotar um tom humorístico pode ser desafiador, especialmente para marcas conhecidas por uma comunicação mais tradicional e direta. No entanto, é possível adicionar uma dose de leveza a qualquer estilo de linguagem corporativa. Com uma estratégia bem planejada, o humor consegue romper barreiras e abrir a mente dos consumidores, permitindo que eles percebam a mensagem da marca de forma mais descontraída e receptiva. Então, sim, eu diria que diante do cenário atual, é necessário se reinventar, mas não necessariamente com humor. Vou destacar dois motivos importantes aqui:
1. As redes sociais são um ambiente de entretenimento
As pessoas acessam essas plataformas para se diverti, consumir conteúdos de entretenimento e procrastinarem também. Isso sempre foi assim, mas eu me lembro bem da insistência das marcas em manter um padrão corporativo que destoava muito do conteúdo que o usuário estava rolando ali. Imagina só: eu vejo um vídeo engraçado de cachorros, depois uma releitura do Obapuru feita pelo @eusoufabao, e então vem um post (em imagem) extremamente corporativo, cheio de gráficos e linguagem robuscada. É meio destoante.
Essa discrepância acabou levando esses conteúdos para o limbo e a gente viu marcas fortes com centenas de milhares de seguidores com 18 curtidas em uma postagem.
2. É necessário construir comunidades
Reforço o que acabei de dizer: não faz sentido estar nas redes sociais se não houver um engajamento real da marca com o público. O princípio dessas plataformas é exatamente reunir o seu público e criar esse vínculo com ele. Estar lá só para cumprir tabela é jogar dinheiro no ralo.
Esse poder de criar uma comunidade engajada e determinada a apoiar a marca é absurdamente positivo e precisa ser explorado.
Mas tem que ser humor?
Não! O humor domina, mas não é o único tom de interesse na internet, como vimos no gráfico da pesquisa. Ele ajuda, e muito, a furar a bolha e a penetrar outros nichos, além de humanizar, e muito, a sua persona. Mas há outras formas de levar um conteúdo que não se associa bem ao humor de uma maneira mais leve, sem pesar a leitura. Vamos lá!
Explore o design e as suas tendências
Ao se comunicar, não foque apenas no conteúdo. Embora ele seja interessante, é preciso lembrar que somos sobrecarregados de informações por todos os lados. Foque na experiência de leitura, em ilustrações, efeitos e exemplos claros para que a mensagem seja absorvida de maneira inspiradora.
Seja direto e breve
Infelizmente tudo hoje precisa ser rápido, resumido e na velocidade 2x. Por isso, não enrole muito e vá direto ao ponto, fazendo com que o usuário consiga entender o coração da mensagem sem muito esforço. E se for preciso adicionar informações que tornaria a leitura mais longa, vou te sugerir alguns formatos:
– Carrossel
Fatie a mensagem em textos curtos, trazendo os pontos principais para os primeiros slides e, de preferência, com gatilhos para que ele continue lendo
Ex: 10 maneiras de humanizar a comunicação da sua marca, a sexta é a minha preferida.
– Reels
Não tem como negar, os vídeos são a melhor maneira de conteúdo e não tem o que fazer. Você consegue explorar todos os tons aqui, usando inclusive recursos audiovisuais para despertar atenção, drama e vida ao vídeo. É muito mais prático na minha opinião. Mas vale algo aqui: se o seu vídeo também precisa ter conteúdos mais densos, aborde os pontos principais e mais quentes e convide o usuário a ler as legendas para entender melhor os detalhes.
Agora, vou mostrar como algumas marcas estã explorando o humor na internet de maneira estratégica e bem pensada. Trouxe exemplos do Brasil e de outros lugares do mundo também.
Polícia de Mumbai
Ryanair
A companhia europeia de baixo custo, adota um tom bem irreverente para lidar, principalmente, com as críticas dos seus passageiros.
CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos)
Aborda a rotina dos usuários de forma descontraída e informativa nas redes sociais.
Duolingo
O aplicativo de aprendizado de idiomas explora o humor de maneira criativa para engajar sua comunidade.
Netflix
Carinhosamente apelidada de “Netinha” pelos fãs, a marca utiliza o humor para promover seus conteúdos de forma cativante na internet.
Tá, mas isso vende?
Os exemplos citados não têm foco no fundo de funil nem em conversões diretas. São estratégias voltadas para a construção de comunidade e o fortalecimento da marca junto ao público. Aproximar o “CNPJ do CPF” ajuda a conquistar a confiança do consumidor, garantindo não apenas sua fidelidade, mas também seu apoio quando a empresa precisar de suporte.
É importante destacar que essas marcas não se limitam ao humor. Há também, e em grande quantidade, conteúdos promocionais de produtos e serviços, tudo apresentado no mesmo feed, em uma dosagem que mantém o público engajado sem afastá-lo.
Diversas outras marcas têm explorado o humor em suas mensagens, comprovando que, quando bem aplicado, esse formato pode trazer resultados expressivos.
Enfim, boas risadas e bons negócios